sexta-feira, 27 de maio de 2011

Nelson Rodrigues Onírico

Tive um sonho esotérico e profético.Estava num desses botequins totais com paredes de azulejo azul e torresmos hippies nas vitrinas.Tomava o cafézinho do tipo coador em copo americano tradicional,estou com as costas voltadas para a rua quando o caixa grita em solene e felicissímo êxtase:Olha o óbvio ululante aí gente!- e entra no bar Nelson Rodrigues.
Apesar de saber que Nelson não era mais do nosso mundo fui só compreensão, estava ali o ídolo dos ídolos, o velinho de paletó gasto, andando com certa dificuldade, bate no balcão e pede altivamente:Manda aí uma água, de preferência Lindóia que é água da bica!
Como um Eduardo Santanna espiríta eu não me contenho e ataco vorazmente a celebridade do além:Nelson o que faz entre os vivos nessa manhã de sabádo? Me responde o "flor de obsessão": Mortos são vocês rapaz! O mundo é um armazém de secos e molhados e a morte é o despertar do sonho dos vivos, quandos sonhamos meu caro estamos na verdade olhando o mundo dos mortos pela fechadura, assim como eu sempre vi a nudez e o sexo, como menino perene que é todo homem,além disso hoje é sábado e como diria o jardineiro da minha infância,o sábado é uma ilusão!
Decido então usar Nelson como um oráculo de Delfos do Leme: Nelson, me diga aí o futuro politíco do Brasil?-me responde o grande:O fato de eu estar morto não me faz um vidente meu caro,mas como sempre disse em vida, para ser gênio basta enxergar o óbvio!!! E avisa o Eduardo Santanna para deixar de ser transviado...-nesse momento acordo em sobressalto, ao meu lado uma revista Veja com Palocci na capa.

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